Existe um túnel enorme, escuro e misterioso nos nossos caminhos. Não gosto muito de observá-lo, pois ele amedronta todos, até aos animais que voam ou que rastejam pelo chão.
Quando a imagem deste túnel próximo à mim surge em minha mente, sinto um frio na barriga com a adrenalina correndo pelas veias e acredito em Deus por alguns segundos.
Quando a imagem deste túnel próximo à mim surge em minha mente, sinto um frio na barriga com a adrenalina correndo pelas veias e acredito em Deus por alguns segundos.
Observo que todos caminham lentamente em direção a este misterioso e enorme túnel - incluindo eu - e sem poder parar. Eu observo as pessoas ao redor, e as coisas que dizem.
Observo os momento de sucesso e de falência, e os momentos de felicidade e de tristeza ao meu redor. Observo a beleza de cada ser, e aproveito a ternura de cada momento único que se passa.
Dou as mãos para aqueles que acompanham a caminhada comigo, e os abraço muitas vezes por que o futuro é desconhecido.
Adquiro mais sabedoria a cada dia, pois todos os dias, eu me permito.
Me permito observar, me permito aprender e me permito viajar dentro da própria subjetividade dos meus pensamentos, por que viver é permitir-se.
As pessoas que estão lá na frente, sempre dizem que queriam voltar para trás. As pessoas que estão lá atrás, não fazem ideia de como seja estar lá na frente. E tudo que eu faço é caminhar inconformada, olhando para as árvores e para o céu e imaginando como tudo isso é insano e difícil de aceitar.
Nunca mais vi ninguém que atravessou o túnel, mas tudo indica que eles perderam tudo o que tinham, fossem ricos ou pobres. Os amigos e pessoas queridas com quem se identificavam não puderam herdar quase nada material que era seu, mas tinham acesso a todo o conhecimento que lhes foi passado pelos que atravessaram o túnel, e foi lhes dada a missão de repassa-lo para os outros que estavam lá atrás.
O único presente que é eterno é o conhecimento, pois pode ser repassado para todas as próximas gerações, enquanto o resto facilmente é esquecido, vira lixo ou perde o valor.
E tudo que eu sei - e que tenho certeza - é de que um dia eu chegarei lá, e terei de dizer adeus ao mundo. Quando? Ninguém sabe, e nunca saberá.
Que lindo, e é a mais pura verdade. Eu entendi isto como se fosse para ser a vida, e que o tal túnel é o caminho que percorremos, e sempre temos um certo medo das surpresas, por mais confiantes que possamos ser.
ResponderExcluirExcelente!
Martina,
ResponderExcluirBem, desta vez saiu uma confissão algo pesada.
 primeira vista parece um absurdo a morte ser lembrada por alguém que ainda tem uma longa vida pela frente. Mas depois quando se lê que «O único presente que é eterno é o conhecimento...», ideia que compartilho, fica-se mais compreensivo.
Confesso que gostei. Tens um talento que me surpreende.
Se me fosse permitido, só modificaria o último parágrafo. Achei-o um pouco fatalista.
O último parágrafo seria algo assim: «E tudo que eu sei - e que tenho certeza - é de que um dia eu chegarei lá, a esse túnel enorme, escuro e misterioso. Tenho esperança que o escuro se deixe iluminar á minha passagem e que a luz seja da côr das rosas, a minha côr preferida.»
A minha côr preferida é o azul, para que se saiba.
Abraços,
P.S. Uma musica dedicada a uma menina que eu encontrei:
https://www.youtube.com/watch?v=0R2nT0RBfPE&list=TLWQAfxfzUXBERWv2tIe_EB8HctttXTcoB